quarta-feira, 23 de março de 2022

Leitura expressiva com Alice Neto de Sousa

Continuamos a celebrar a poesia.
Provavelmente terás ouvido este poema nas redes sociais. Intitula-se «Lápis cor de pele» e é da autoria de Alice Neto de Sousa. 
Convidamos-te a ouvir o mesmo declamado pela própria poeta.


Eu era pequena,
Escola primária,
Inocente,
Mas curiosa nas palavras.
Peguei nos lápis,
Aqueles,
Com todas as paletas de cores,
Amarelo-torrado,
Azul-marinho,
Cor…
Com o lápis na mão,
Sem nem esconder a minha confusão,
Olhei para o lápis, e para mim,
Que eu ainda era da altura de a língua afiar,
Tocar os sinos presos na garganta,
Dizer o que sinto e me espanta:
— Professora.
— Sim.
— Que raio é um lápis cor de pele?
Levei uma reprimenda, uma criança de tão tenra idade
A questionar a autoridade,
E olhava para o lápis,
Olhava para a minha pele,
Olhava fixamente para aquele lápis cor… de pele.
Poeta.
Naquele dia, desisti de falar sobre unicórnios
E fazer citações,
Porque ser-se poeta é falar de emoções,
Mas bem podia citar Luís de Camões, Fernando Pessoa
Sem dizer um poeta preto.
Pensei em então citar Martin Luther King ou Nelson Mandela
Só para ficar bem na tela.
Ignorar o vazio do mundo,
Fazer dos ouvidos mudos,
Porque preferem um poema com o sol no canto do papel,
As nuvens pintadas a azul,
Sem a dor no fundo.
Falar do que incomoda?
Andar a afiar a língua,
O que é que isso importa?

Porque naquele dia fizeram de mim uma
Poeta cor de pele,
De lápis cinza aguçado acastanhado,
No nevoeiro dos mares
Dantes e sempre navegados,
A minha língua é o lápis
Onde escrevo a cor dos meus sentimentos,
Quem vai perder tempo a escrever versos de amor
Com estes tempos, estas tempestades, estes sismos, ismos
E eu sei, podia ser menos uma poeta a falar sobre racismo
Mas preferiram o quê?
Que em vez do lápis a carvão pegasse uma arma na mão?
Que caísse em tantas outras estatísticas, noticiários?
Que me escondesse por detrás dos armários?
Que nunca tivesse chegado a terminar o secundário?

“Falas tão bem português”, fecho os olhos a engolir todos os clichês.
“Mas não ouves kizomba, ah, claro que sabes dançar”, dizem enquanto meto os Arctic Monkeys a dar.
E já se sabe, quanto mais talento, mais se tolera a cor, porque a Beyonce pode ser preta afinal de contas o que importa, é o interior.

Ouço as palavras a fazer ricochete, 
Num corpo em bala,
Eu vejo,
De sol a sol,
Mantemo-nos fortes,
Que as mães têm calos de pensar,
Os pais as mãos a esbranquiçar.

Fazemo-nos de fortes,
Que mais poderíamos ser?
Numa sociedade de moldes,
A fingir entender,
A rir no eco a seguir,
A pensar que Black Lives Matter é mais um post para curtir.

Mas Muxima Uamiê está sofrendo,
Respira,
Mãos ao alto, levanta a poesia,
Esta poeta cor de pele,
já pintou a carta de alforria.


Momento de poesia com José Saramago

 E foi assim que celebrámos a poesia de José Saramago, no dia 22 de março.



segunda-feira, 21 de março de 2022

Celebrar a poesia de Saramago

 Convidamos-te a assistir a um momento de poesia, no Pátio das Oliveiras, em homenagem a José Saramago, no dia 22 de março, pelas 10h40.

Vamos ter a colaboração do 12.º C, com os alunos:

Ana Francisca Santos Malta 

Rodrigo corticeiro Pereira 

Matilde Pinto Coelho Ferreira Gordo

Simão Sobreiro Silva 

Ivo Miguel Oliveira Marcelino 

David Luiz Teiga Santos 

Esperamos por ti!



Mês da Leitura - Revisitar o ano de entrega do Prémio Nobel da Literatura

 Os alunos do 6.º A, orientados pelo professor de HGP e Cidadania e Desenvolvimento, concretizaram o desafio da Biblioteca, em colaboração com o grupo de História, a revisitarem o ano de 1998.

Queres ver como os teus colegas «olharam» para este desafio?

Ano da entrega do Prémio Nobel da Literatura - Expo '98




Mês da Leitura - Centenário do Nascimento de José Saramago

 A BE do Agrupamento de Escolas de Vagos vem presentear a sua comunidade educativa com atividades ligadas à obra eterna do nosso Prémio Nobel da Literatura, José Saramago.

Durante o Mês da Leitura, a BE está a desenvolver o seu projeto que versa várias vertentes da obra de José Saramago.

Convidamos-te a consultar o cartaz.





Repórter da História - 1.º episódio da Guerra na Ucrânia

 A Biblioteca da Escola Secundária tem o privilégio de colaborar com uma equipa de reportagem constituída por três alunos: Martim Anacleto (10.º D), Luca Conde (9.º D) e Tomás Amaral (8.º C). 

Esta equipa vem de encontro ao projeto de Cidadania da nossa Biblioteca ao conceber uma série de episódios que focam a realidade cruel que a Europa está a viver.

Este é o primeiro podcast.

Guerra na Ucrânia - 1.º episódio: https://youtu.be/Oesmb3aSvu4





terça-feira, 1 de março de 2022

Ucrânia – «Longe da vista, mas perto do coração.»

«Longe da vista, mas perto do coração.»

Quem não sente isso, hoje, vendo os tempos difíceis que o povo da Ucrânia tem de enfrentar?

Todos os dias, através da comunicação social, das redes sociais, chegam-nos relatos de quem está a viver de perto o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Vemos os rostos de muitos inocentes, marcados por uma guerra que não lhes diz nada, uma guerra que está a abalar o mundo.

E se fôssemos nós?




Semana UBUNTU da Empatia

 Na semana da Empatia, desafiámos-te a aprofundares o teu conhecimento sobre as pessoas que te rodeiam! Desafiámos-te a enfrentar o desconforto, colocando apenas numa mochila o que levarias se tivesses que sair apressadamente da tua casa, cidade ou país!

Foi assim que trabalhámos: 






Convidamos-te agora a rever o vídeo «E se fosse eu? Fazer a mochila e partir?».





Festa do Cinema - de 5 a 13 de novembro

Para celebrar o Dia Mundial do Cinema, a 5 de novembro, o Plano Nacional das Artes, a Sala de Cinema e a Biblioteca Escolar associaram-se pa...