sábado, 8 de junho de 2024

«Eu passei pelas cadeias da PIDE» - testemunho de uma ex-presa política

No dia 23 de abril, no CER, o Agrupamento de Escolas de Vagos teve o privilégio de receber Maria da Graça Marques Pinto. Pela sua natureza institucional, a escola tem a nobreza de educar para a cidadania e formar para a inserção na sociedade. E essa sociedade deve ser uma sociedade democrática. Para isso, é a escola que deve promover encontros, como este, que dignificam o exercício da cidadania, apelando a uma consciencialização dos valores que são essenciais ao nosso dia a dia, mas nem sempre foi assim. Foi isso que a nossa convidada mostrou aos alunos do 9.º ano e à turma E, do 10.º ano, testemunhando as suas vivências, enquanto ex-presa da PIDE. Os alunos tiveram a oportunidade de interagir, de forma muito positiva, com a nossa convidada, permitindo-lhes, assim, conhecer os horrores que as prisões da PIDE provocavam a pessoas que não tinham cometido nenhum crime.

A Dr.ª Graça Marques Pinto nasceu em Moçambique e frequentou diversas escolas em S. Tomé, Angola, Moçambique e Portugal. Formou-se em Direito, onde teve uma atividade política muito intensa, fazendo parte do movimento estudantil e do Partido Comunista, tendo ingressado em pleno Estado Novo. Foi presa pela primeira vez em 1969 e, novamente, em março de 1971. Esteve na prisão 9 meses. Em fevereiro de 1973, passou à clandestinidade para dar apoio ao órgão clandestino de Direção da União dos Estudantes Comunistas, organização estudantil criada pelo Partido Comunista. Esta situação de clandestinidade permitiu-nos conhecer, durante o depoimento da nossa convidada, como foi difícil todo o seu percurso. 

Depois do 25 de abril de 1974, integrou a Comissão Executiva da União dos Estudantes Comunistas e foi responsável pelo acompanhamento do distrito de Setúbal e linhas do Estoril e de Sintra. Posteriormente, assessorou o gabinete de economia do Partido Comunista Português, de onde saiu em 1986.

Agradecemos à Dr.ª Graça Marques Pinto pelo excelente testemunho que nos prestou, assim como à Associação Cultra, que nos permitiu este encontro e ao CER e Câmara Municipal de Vagos, que nos apoiaram neste evento. 





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